quarta-feira, 3 de julho de 2013

PRIMEIRAS LINHAS



Quando se nasce numa família pacífica a tendência é seguir a linha, eu não segui.
Fui sempre um rebelde latidor, desde os primeiros dias até os últimos.
Esse diário de peripécias é póstumo, não estou aqui mais para contar, e meu idioma
só meus pais entendiam, apesar de humanos.
O dia em que descobri que sabiam exatamente o que estava dizendo foi um susto e tanto,
gani desafinado, uivei em dó menor, usei todos os truques vocais disponíveis, e, ainda assim, eles repetiam com exatidão minhas lamúrias, e respondiam. E eu também os entendia!
Aí desencanei, aproveitei a sorte e fui feliz pra sempre.
Mais tarde acabei percebendo que não entendiam só a mim, um canino filho de dois humanos, falavam com os passarinhos que pousavam nas janelas também...
Depois foi um papo estranho que peguei eles levando com o gato do vizinho, pediam delicadamente para não se aproximar de mim, eu era muito, muito bravo.
Mentiram para proteger quem? Eu ou o gato? Até hoje não sei...
Bem, mas já não faz tanta diferença, pois estou morando nas estrelas e a minha mãe ficou responsável por refazer meus caminhos, contando, em ordem não cronológica, meus passos nesse mundão bonito.
Essa foi só uma rápida apresentação.
Amanhã ela conta mais um pouco, e não se assustem, eu sopro as histórias que ela não lembra mais nos ouvidos dela, afinal agora sou uma estrelinha voante.
Tão bom poder contar histórias com tradução simultânea cachorrês/português, au au .

Um comentário:

  1. Amore mio, te ofereço trechos do Cazuza, amigo amado que tanta falta me faz!

    ...Amor da minha vida
    Daqui até a eternidade

    [vou sempre lembrar de ti
    até o reencontro, me espere!]

    ...Por você eu largo tudo
    Vou mendigar, roubar, matar
    Até nas coisas mais banais
    Pra mim é tudo ou nunca mais

    É tudo, amigo, ainda nos veremos, até breve...

    ResponderExcluir